11 de junho de 2024
Esta é uma dúvida angustiante e desesperadora das mulheres que estão passando pela transição menopausal. Sim, esse texto em especial é para você que tem entre os 45 e 55 anos e está vivendo essa fase. Bem, antes de ocorrer a cessação permanente da menstruação, os sintomas clínicos da baixa do hormônio feminino (o estrogênio) já são sentidos pela mulher. São ondas de calor e suor, instabilidade emocional, insônia e, também, uma mudança significativa e incômoda no peso e no acúmulo de gordura na barriga. É importante esclarecer que o envelhecimento natural gera ganho de peso, independente da menopausa. Mas, a queda do estrógeno gera, sim, alterações mais do que o aumento no peso indicado na balança. Altera de forma negativa a composição corporal. Isso pode ocorrer tanto diretamente, por desregulação nos centros da fome no nosso cérebro, quanto de forma indireta, causada por distúrbios do sono, oscilações de humor e estresse psicológico, que levam a maior busca por alimentos palatáveis, calóricos e ricos em gordura. Afinal, isso acaba sendo uma recompensa! Além disso, a falta de disposição física e sintomas depressivos tentam justificar a diminuição da atividade física, que atrelada a dores articulares e envelhecimento, acabam sendo uma desculpa para se movimentar menos! Mas, como manter a massa magra sem se exercitar? Então, esta perda que já ocorre nessa fase se intensifica e, com menos músculos, a taxa metabólica em repouso abaixa. E isso acaba sendo um outro fator causal para o ganho de peso. O fato é que esse aumento de massa gorda predominantemente na região abdominal tem relação direta com o aumento do risco cardiometabólico, elevação da pressão, formação de placa de gordura nas artérias, aumento do colesterol ruim e da resistência à insulina, que aumenta o risco de diabetes. Mulheres na pós-menopausa com obesidade têm um risco quatro vezes maior de mortalidade por doença cardiovascular. Neste cenário, a reposição hormonal não é recomendada para o manejo da obesidade abdominal, mas, se bem avaliada e em doses e vias adequadas, acompanhada e sem contra indicações, é sempre bem-vinda. E, provavelmente pode resultar em alterações favoráveis da composição corporal, prevenindo a perda de massa muscular e óssea, além de benefícios no humor, sono e bem-estar geral. Assim, como os métodos adequados de avaliação clínica para identificar a obesidade, as abordagens englobam a orientação de um estilo de vida saudável, atividade física e, se necessário, medicamentos antiobesidade, os quais podem ser fundamentais neste contexto. O endocrinologista pode te ajudar a reduzir o impacto do climatério na obesidade. Artigo escrito pela médica endocrinologista da Clínica Humanitare, Dra. Roberta R. Penhalbel Pinheiro ( CRM 126383/ RQE 53788) . Adaptado com linguagem para leigos de artigo publicado na REVISTA ABESO-EVIDÊNCIAS EM OBESIDADE E SÍNDROME METABÓLICA, n 124, p. 26-33, jan./mar. 2024.